quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Introdução Alimentar BLW

E hoje Ana Clara está fazendo 7 meses.
A vida por aqui está uma loucura. Não tenho mais tempo para quase nada mas, resolvi dar uma passadinha por aqui para compartilhar um pouco das aventuras de uma mãe de segunda viagem.

Descobri nessa nova jornada, que no segundo filho temos mais curiosidade, buscamos mais informações. No primeiro filho estamos tão envoltos em um universo totalmente apaixonante e desconhecido que muita coisa que deveríamos pesquisar passam despercebidas.

Com Ana Clara ainda na barriga descobri um método de introdução alimentar chamado BLW (baby led weaning) e achei a ideia fantástica. Assim que Clarinha completou 6 meses começou minha aventura. Digo aventura porque realmente tem sido uma aventura, encontramos pouca informação em português a respeito de como aplicarmos de fato o BLW então tenho lido muita coisa em inglês mas tenho seguido principalmente a minha intuição.

A hora das refeições aqui em casa tem sido fantásticas. É maravilhoso observarmos a perfeição do ser humano. Nas primeiras refeições devo confessar que foi necessário um pouco de auto controle para não me desesperar a cada GAG reflexo (engasgo) e esperar ela mesmo se desengasgar. Hoje Ana Clara já se alimenta de praticamente tudo. Comecei com brócolis, que ela adorou, depois fui para jerimum, chuchu, cenoura, vagem, couve flor,abobrinha, inhame, macaxeira, batata inglesa ela não se deu, vou reintroduzir depois, das frutas comecei com banana, melão, mamão, morango, ameixa fresca, abacate, pinha, melancia,manga e assim vai indo.

Macarrão com molho de tomate, abobrinha, vagem, couve-flor, jerimum e chuchu

Como ela não tem dentes cozinho a proteína (carne ou frango) junto com os legumes, cebola e alho e depois deixo ela ficar chupando. No caso de peixe cozinho todos no vapor e deixo ela comer tudo. Já fiz para ela macarrão com molho de tomate feito em casa acompanhado de legumes no vapor, e como uma boa nordestina ela já comeu cuscuz e tapioca, claro que sem manteiga e sem sal.

Vou deixando ela me guiar no processo. Se durante uma refeição da família vejo que ela se interessou por algum alimento, Na próxima refeição ofereço o alimento a ela e observo.

Aos pouquinhos vou tentar mostrar os pratos dela e quem tiver dúvidas é só falar comigo.

Agora vou aproveitar que as meninas estão dormindo e vou também.
Abraços a todos

LINK sobre BLW
https://www.facebook.com/notes/grupo-virtual-de-amamenta%C3%A7%C3%A3o-gva/guia-facil-para-introdu%C3%A7%C3%A3o-alimentar-usando-o-m%C3%A9todo-blw-baby-led-weaning/664309993685280

quinta-feira, 19 de março de 2015

E a espera chegou ao fim...


Hoje está fazendo 51 dias que a nossa espera chegou ao fim. Só agora tive condições emocionais para fazer o meu relato.
Após aproximadamente 15 horas de trabalho de parto, chegou nesse mundo mais um presente enviado por Deus para abençoar ainda mais a minha vida. As 9 horas e 55 minutos do dia 26 de janeiro de 2015 nascia Ana Clara, não da maneira como eu havia planejado, mas da maneira como Deus havia determinado. Vou relatar abaixo como tudo aconteceu, será extenso, mas se te interessar, embarque na viagem comigo.

Durante a gravidez, todas as vezes que falávamos sobre a possível data de nascimento de Clarinha eu brincava que ela poderia nascer em qualquer dia, menos no dia 25/01, nada contra a data, mas já temos 2 aniversariantes na família nesse dia. Meus familiares brincavam dizendo que eu não "cuspisse para cima, para não cair na testa". No dia 22/01 havia feito a monitoragem e a minha obstetra fez um toque, meu colo estava fechado e bem pontudo, a previsão de nascimento era para 12/02, fiquei tranquila para organizar tudo que ainda havia para ser feito pois tinha bastante tempo.

Na madrugada do dia 24 para o dia 25 percebi que algo diferente estava acontecendo e não teria mais tanto tempo quanto eu esperava. Já estava com pródromos há mais de 1 semana e dessa vez, sentia uma cólica diferente da que eu estava sentindo. Voltei a dormir e acordei no domingo na esperança de que tudo iria passar. Na hora do almoço estava tendo umas cólicas bem mais fortes e decidi ligar para a parteira, queria saber se o que eu sentia eram pródromos ainda ou se de fato eram contrações.
Meu marido saiu para pegar a parteira e fiquei em casa terminando a playlist para o parto. Foi nesse momento que eu percebi as coisas poderiam não sair bem como eu havia planejado. 
Mesmo tendo passado todo o acompanhamento com a parteira dizendo que queria o meu parto na água, no dia que entrei em trabalho de parto ela me informa que a piscina dela estava furada. Eu meu marido ficamos decepcionados mas pensamos, vamos pegar a piscina e ver se conseguimos ajeitar.
 A parteira então chegou, quando me viu ela disse que realmente o que eu sentia eram contrações e que precisávamos observar se iria evoluir ou parar.
Eu estava muito feliz, tudo indicava que minha hora, a nossa tão esperada hora, havia chegado, eu iria viver meu tão sonhado e desejado trabalho de parto.

Ana Beatriz ficou só animação, aguardava ansiosa a chegada de Clarinha. Avisei a minha doula que estava em trabalho de parto e que quando as dores apertassem eu ligava para ela.
Passamos então o restante do dia organizando a chegada de Clara e tentando consertar a piscina, por ser um domingo, não conseguimos achar nenhuma borracharia aberta, o jeito era tentar o velho jeitinho brasileiro em casa.
Por volta das 22:00h as contrações já eram bem mais fortes, mas nada que não desse para suportar. Minha doula ligou para mim perguntando se podia vir me ver pois a parteira havia ligado para ela dizendo que eu estava parindo. Achei estranha toda aquela ansiedade da parteira. Eu estava em trabalho de parto, mas estava longe de estar parindo.
Realmente as coisas não seriam como eu havia planejado. Imaginei que naquele horário eu iria tomar um banho quente, relaxar e tentar dormir enquanto eu podia, mas tudo bem, disse a Nicole (minha doula e anjo) que ela poderia vir, imaginado que ela viria me ver e voltaria para casa. Nicole chegou por volta das 23:00 e eu estava bem. Ficamos conversando um pouco, ela utilizou alguns florais, a casa já estava em tranquila e eu quase dormindo quando então chegou a parteira com a fotógrafa (que  diga-se de passagem era maravilhosa, a fotógrafa).
Desse momento em diante o sossego e tranquilidade que estavam na minha casa foram embora e infelizmente não iriam voltar.

Muito se fala em violência obstétrica praticada pelos "fofos obstetras", parti para um parto domiciliar justamente para fugir da tal violência e me assegurar que a minha filha nasceria com tranquilidade e no tempo dela. O que eu jamais imaginei é que eu pagaria caro e viveria a violência obstétrica dentro da minha própria casa.
Antes de sair da minha casa à tarde, a parteira me disse que só ligasse para ela quando realmente fosse necessário, que a doula saberia a hora certa de entrar em contato com ela. Que só acordasse ela de madrugada se realmente fosse necessário para que ela pudesse estar descansada. Assim eu faria. Tamanha foi a minha surpresa quando por volta de meia noite ela chegou sem que ninguém a tivesse chamado e após ter passado a noite ligando para mim e eu dizendo que ela ficasse tranquila e fosse dormir que eu estava bem.

Passei a minha gravidez ouvindo falar que a mulher era a protagonista do seu parto, que a mulher sabia parir, que éramos donas os nossos corpos e que tínhamos o direito de escolher como parir, em que posição ficar... Não foi isso que eu vivi.

Como já disse antes, quando ela chegou, estava quase dormindo, queria poupar minha energia pois eu tinha certeza que Clara não nasceria antes das 6:00h da manhã. Mas esses não eram os planos da parteira. Ela tinha por algum motivo, muita pressa. Contrariando o que ela havia dito durante todo o acompanhamento, pois segundo ela toque era uma violência e completamente desnecessário, ela me pediu para fazer um toque. Respondi a ela que ela deveria fazer o que fosse necessário, o que me interessava era minha filha nascer bem. Ela me informou que eu estava com 3cm de dilatação, informação essa que durante os acompanhamentos eu já havia solicitado que não me fosse dita pois não queria gerar ansiedade em mim. Ela então me colocou em cima de uma bola para fazer exercícios quando na realidade o que eu queria mesmo era descansar, me poupar para o que eu sabia que viria pela frente.

Quando eu disse a ela que Clara não nasceria antes das 6, muito rispidamente ela respondeu que eu não sabia disso, meu marido então disse a ela que ela não estava me entendendo, ela então disse ao meu marido que ele estava "VIAJANDO". E essa foi a primeira de muitas outras agressões que viriam no decorrer da madrugada. Minha doula ao ver o que estava acontecendo interviu e disse a parteira que as coisas estavam se desenvolvendo melhor antes da chegada dela e que seria melhor elas se recolherem e me deixarem descansar.
Organizamos um quarto para elas 'dormirem' e eu fui tentar dormir também, coisa que aquela altura, com a tensão pairando no ar, seria impossível.

Tomei outro banho quente, tentei relaxar, e fui deitar. Não havia mais em mim um pingo de sossego e eu não consegui mais relaxar.

As 3:00 da manhã não havia mais posição em que eu conseguisse ficar, me levantei e Nicole, que foi um verdadeiro anjo naquela noite, me acompanhou. Com exceção da parteira que dormia, a casa inteira estava acordada. Nicole começou a trabalhar comigo na bola, fez massagens, eletro estimulação, óleos essenciais, e a cada contração, ao mesmo tempo que sentia uma dor inigualável, sentia uma felicidade profunda pois a minha princesinha estava chegando, chegando no tempo dela, na hora dela, quando ela se sentiu pronta!

Não sei precisar em que momento entrei na piscina, que meu marido após muita luta conseguiu remendar, aquela água quentinha por alguns momentos conseguia deixar tudo bem melhor. Nicole então resolveu que já era hora de acordar a parteira, antes ela não o tivesse feito. 

Quando a parteira chegou aonde eu estava, quis fazer um outro toque para ver como eu estava (aquele já devia ser o 3° da noite), e então disse que eu estava com o colo do útero inchado e com um bócio, acho que é essa a palavra, me mandou ficar de quatro dentro da banheira, para ver se a situação mudava. 

Após mais de uma hora naquela posição, eu não aguentava mais de dor nas minhas costas pela posição em que me encontrava, as dores das contrações já estavam difíceis de aguentar, a tensão no ar dava para "cortar com uma tesoura" e eu já pedia ao meu marido que não me deixasse desistir, caí então na besteira de perguntar a parteira como seria a dor do expulsivo. 
Ela me respondeu que seria uma dor dilacerante, como seu tivesse sendo esquartejada, partida ao meio, como se os meus ossos estivessem sendo esmagados, como se um trem passasse por cima de mim. 

Meu marido, vendo a fragilidade que eu estava naquele momento, e a resposta dada pela parteira, ele imediatamente me disse que essa era a percepção dela e que ela nunca tinha tido um parto normal, que não teria como saber essa informação. Ela então atacou o meu marido dizendo que tinha 15 anos de experiência e que sabia o que estava dizendo, mais uma vez, a doula interviu e pediu a ela que olhasse para mim e que parasse com aquilo. A doula então disse ao meu marido para entrar na piscina comigo para que eu pudesse relaxar um pouco as costas no colo dele, e se retirou levando junto com ela a maldita da parteira e nós dois ficamos ali, tentando relaxar um pouco e esquecer o pesadelo que a presença daquela pessoa estava causando. 

Nesse momento eu já tinha alguns momentos de blackout, aonde eu entrava numa viagem desconexa e em seguida voltava para a realidade. As 8:40 aproximadamente, era hora de eu sair da piscina, e outro toque me aguardava. A parteira fez o toque, monitorou os batimentos de Clara e fez cara de que as coisas não estavam bem. Ela então disse que seria muito sincera. O que ela relatou foi que a minha bebê estava com os batimentos acelerados e que a situação do meu colo não havia se modificado. Um lado do meu colo estava duro e inchado e que eu ainda estava com 7cm de dilatação e que um parto domiciliar não era impossível, mas que ainda levaria pelo menos mais 4 ou 5 horas e que precisávamos tomar uma decisão.
Durante toda minha gravidez, eu e Paulo sempre dissemos que o parto domiciliar tinha que ser algo seguro, que se algo começasse a fugir da normalidade iriamos para o hospital. Naquele momento então não havia nem o que pensar, iriamos imediatamente para o hospital. 

Paulo ligou para minha obstetra, dra. Fátima Rodrigues, e informou que eu estava em trabalho de parto avançado e com bastante sangramento. Ela então me mandou para o Papi pois lá seria mais rápido, uma vez que o consultório dela era atrás. 
A parteira mais uma vez nos atacou perguntando se eu "aceitava" a decisão do meu marido de me levar para o hospital, que essa deveria ser uma decisão minha. Sério isso? Ela tinha certeza que queria fazer o joguinho de querer colocar um contra o outro?
Quando afirmei que iria para o hospital pois segundo ela minha bebê já estava com o estado alterado, ela me perguntou quem iria comigo para o hospital, ela ou a doula, meu marido respondeu que a doula iria conosco. Mais uma vez ela questiona a decisão do meu marido, me perguntando se eu aceitava. O mais engraçado, é que durante as mais de 8 horas que ela passou na minha casa naquele dia, em momento nenhum ela se preocupou com a minha vontade, com o que eu queria, como eu me sentiria bem, e agora, pra cima do meu marido, que havia me apoiado durante toda a noite e me defendido dos ataques dela, ela vinha com essa.
Aquele momento então foi de total correria, juntar as coisas rapidamente e correr para o hospital.

A última coisa que ouvi da parteira ao começar a descer as escadas foi: " A única alternativa que você tem para ter um parto normal é se for Fórceps." Ela sabia, pelas conversas que havíamos tido anteriormente que isso seria inadmissível para mim, então ela tinha que destilar sua última gota de veneno.

Nicole então iria me acompanhar junto com Paulo para o hospital e mamãe ficaria em casa com Bia. A parteira muito apressadamente disse então que já iria embora pois tinha assuntos dela para resolver. Meu marido então olhou para ela e perguntou o motivo da pressa, pois eu deveria ser o único assunto dela.

Da minha casa para o Papi não leva 5 minutos, graças à Deus, e ao chegarmos lá estávamos extremamente apreensivos quanto a situação de Ana Clara, acreditávamos que ela estava em sofrimento pelo que a parteira havia dito e meu colo de útero numa situação nada favorável ao nascimento. Não tínhamos a menor ideia quanto ao que esperar. Nos questionávamos quanto a escolha do parto domiciliar, da pessoa que havíamos escolhido para participar de um momento tão mágico e especial.

Quando o plantonista me atendeu, a única coisa que me interessava era ele dizer a dra. Fátima como eu estava para que ela viesse salvar a minha filha.
Surpreendentemente eu estava com 9cm para 10cm de dilatação, colo do útero mole e pronta para dar a luz. Totalmente diferente do quadro que me fora informada em casa.

Em questão de 10 minutos dra. Fátima chegou. Meu marido ao vê-la desabou no choro, eu aquela altura já havia solicitado anestesia (meu maior arrependimento) pois queria estar preparada para o que viesse pela frente. Ali não me interessava mais se seria parto normal, cesárea, eu queria minha filha nos meus braços, queria saber que ela estava bem. 
Dra. Fátima então me posicionou e naquele momento ela já viu a cabeça da minha filha. Lembrei a ela que não queria episiotomia e ela disse que eu ficasse tranquila pois seria como eu queria. O anestesista, que foi maravilhoso, disse que colocaria a mão na minha barriga apenas para me dizer quando fazer força, e que eu ficasse tranquila pois ele não iria empurrar. Tive 3 contrações na sala de parto e a minha bebê nasceu. Foram precisos 5 minutos. Sem intervenções, sem episiotomia, sem kristeller, foi colocada imediatamente em cima de mim, Dra. Giovana, pediatra que recebeu a minha filha, concordou em esperar o cordão parar de pulsar para poder cortar e minha filha mamou até o momento que ela quis. A vitamina K foi oral como solicitamos e não injetável, enfim, tive verdadeiramente uma equipe humanizada me assistindo naquele momento. Infelizmente o hospital não permitiu a presença da doula na sala de parto, mas tirando isso, não tenho absolutamente do que reclamar. Equipe fantástica. Deus me abençoou grandemente naquele lugar, preparando uma equipe de anjos para nos atender.

Hoje, pensando em tudo que me aconteceu, consigo ver que vários sinais de alerta deveriam ter sido enxergados por mim, e infelizmente, por confiar demais, passaram desapercebidos. Por várias vezes, em meu acompanhamento a parteira relatou casos de partos domiciliares, acompanhados por ela, fracassados. segundo ela, uma das parturientes acompanhada por ela, havia chegado ao hospital, pedindo pelo amor de Deus uma cesárea. Após ter vivido o que eu vivi com ela naquela noite, eu me imagino claramente fazendo o mesmo. Segundo a parteira, o trabalho de parto não havia evoluído satisfatoriamente em casa devido a mulher ser muito controladora e que ela não queria realmente um parto normal. Hoje me pergunto se a mulher havia sido controladora ou se ela não deixou a mulher viver a experiência dela.

Em outro acompanhamento, ela me relatou outro caso que também tinha terminado com remoção para o hospital e que agora o marido da parturiente não deixava mais ela ter contato com a mulher. Após tudo que eu vivi, quando saí do hospital, disse ao meu marido que não queria mais nem ouvir o nome daquela pessoa, quanto mais vê-la.

Enfim, esses foram apenas alguns exemplos. Analiso hoje também como ela havia preparado as coisas para a chegada da minha filha e dou graças a Deus de minha boneca ter nascido no hospital. O termômetro que ela trouxe estava sem pilha, o local que ela preparou para fazer ressuscitação caso houvesse necessidade era em baixo e a uma distância curtíssima de um parafuso enferrujado. São tantas coisas que nem quero me lembrar de todas. 
Quero acreditar que o fato de estarmos verdadeiramente EMPODERADAS mexe com a cabeça de alguns obstetras e parteiras, que gostariam de nos ter completamente submissas e isso termina por ocasionar tantas casos de violência obstétrica.

O fato é que ela sabe tanto o que fez, que até hoje ela não nos deu se quer uma ligação. O único contato dela conosco foi através de SMS de cobrança.

Pronto, consegui colocar grande parte do acontecido para fora. Estamos bem, minha filha é perfeita e chegou rodeada de muito amor. 
Quando me perguntam se eu teria outro parto normal, o que eu respondo é que meu marido já marcou com a doula e a obstetra para daqui há 2 anos.

Para quem quiser tentar o parto domiciliar, o que eu digo é para ficarem muito atentos quanto a escolha dos profissionais envolvidos. Busquei experiência e acabei caindo numa roubada. 

Meus sinceros agradecimentos primeiramente a Deus que nos protegeu durante todo momento, ao meu marido que esteve durante todo tempo ao meu lado, muitas vezes me defendendo, a Nicole que naquela noite foi um anjo que Deus enviou, a minha mãe presente me dando forças e a minha princesa Bia, por toda a sua compreensão antes, durante e depois do parto.

A jornada da espera chegou ao fim, e agora a jornada de Ana Clara começa, trazendo mais brilho e cor a jornada da família Santos Aguiar.

sábado, 8 de novembro de 2014

13 - A montanha russa da vida - Talassemia



É engraçado, meu marido costuma dizer: "O homem faz seus planos e Deus ri". Nesse momento da minha vida, enxergo que de nada adianta tantos planejamentos, de uma hora para outra tudo pode mudar.

Minha vida nessa gestação tem de fato sido uma verdadeira montanha russa emocional. Tenho enfrentado um verdadeiro turbilhão de emoções; Meu marido está mudando de profissão, o que me deixa muito feliz, e ao mesmo tempo apreensiva, gostaria inclusive de estar podendo dar mais suporte a ele, e a gravidez não está saindo da maneira como imaginei.

Cada dia que passa surge uma novidade que me  sai do controle. 

Durante a minha vida inteira, aqui e acolá, eu aparecia com uma leve anemia, nada que fosse preocupante. Durante a minha primeira gravidez, a anemia também estava lá, fiz complementação de ferro e, aparentemente, era suficiente. Ninguém nunca investigou a fundo, a real causa dessa anemia.

Esse ano, com tudo que aconteceu, os exames de sangue foram mais frequentes, provavelmente 01 a cada 15 dias até fazermos a cirurgia de vesícula. Depois da cirurgia, ao mudar de obstetra, e ao olhar atento da minha parteira, continuamos realizando mais alguns hemogramas, e percebemos que apesar da reposição de ferro a minha anemia não estava cedendo. A obstetra achou por bem me encaminhar ao hematologista para que ele fizesse uma investigação e a minha parteira solicitou que verificássemos alguns pontos nessa investigação. Ela já suspeitava de Talassemia. Após uma via crucis com meu plano de saúde, consegui agendar o hemato que pediu os exames para começarmos a investigação.

Como Ginny suspeitava, ao recebermos os exames, ficou comprovado que tenho Talassemia Minor, uma doença genética com um nome muito feio, mas que não afeta minha vida em muita coisa. A talassemia é uma doença sanguínea herdada entre os membros de uma família (hereditária) na qual o organismo produz uma forma anormal de hemoglobina, a proteína encontrada nos glóbulos vermelhos que carrega o oxigênio. Essa doença resulta em destruição excessiva dos glóbulos vermelhos, causando anemia.
Conversando com o hematologista ontem, ele me disse que tenho 50% de chance de passar esse defeito para as minhas filhas, mas que não há nada com que me preocupar. Na forma minor, como é a minha, a vida pode ser levada normalmente, apenas apresentarei sempre uma forma leve de anemia, que na gravidez se "agrava" um pouco.

O que realmente está me preocupando agora é se vou poder continuar com meus planos de um lindo Parto Domiciliar. Ginny não está muito certa quanto aos meu níveis de hemoglobina e gostaria que ele aumentasse um pouco mais, o hemato foi taxativo em me dizer que não irá subir, e isso tem me deixado na incerteza quanto ao fato de se ela vai topar ou não continuar comigo. Ela fala que ainda sou uma candidata viável mas que ela precisa se informar mais a respeito para se sentir segura. Sei que ela está certa, e que é muita responsabilidade auxiliar um PD, mas estou num momento da vida aonde não aguento mais nenhum tipo de incerteza. SURTANDO é a única palavra que encontro para definir como estou agora. Absolutamente tudo fugiu ao meu controle e essa instabilidade em todas as áreas da minha vida, estão me fazendo enlouquecer. A sensação que tenho é que não vou aguentar.

Mas, vamos pra frente e esperar as cenas dos próximos capítulos dessa novela que tem te se tornado a minha vida.

Para quem quiser mais informações acerca de Talassemia, segue os links.

http://drauziovarella.com.br/letras/t/talassemia/
http://www.abrasta.org.br/default

terça-feira, 28 de outubro de 2014

12- Altos e Baixos



E a minha vida oficialmente está uma loucura!!! Uma correria que não tem fim.
Que o nosso dia-a-dia é corrido todo mundo sabe, mas tem épocas que parece que a loucura aumenta.
Mas, vamos ao que interessa, estou agora com 25 semanas e muuuito engajada na questão da humanização do parto e parto domiciliar aqui em Natal.
É muito difícil optarmos pelo parto humanizado/domiciliar e não se sentir atraído pela causa.

No último mês várias vezes me questionei se valia a pena realmente continuar com essa ideia de parto domiciliar, tantas dificuldades apareceram que me fizeram balançar.Nos últimos dias, parecia que a gota d'água tinha transbordado o meu copo. Uma colega teve sua bebê há pouco mais de 1 mês em um lindo e consciente parto domiciliar (seu segundo parto domiciliar) e não estava conseguindo de maneira alguma registrar a sua filha. Aquilo mexeu comigo de maneira visceral. Eu enfrentar o sistema de saúde e a sociedade muitas vezes me olhando e taxando de "louca" é uma coisa, ter os direitos básicos da minha filha negados, isso é outra coisa completamente diferente. Mas, hoje começamos o dia com uma excelente notícia, enfim o problema dos registros de nascimento foi solucionado. A secretaria municipal de saúde emitiu uma portaria resolvendo o caso (quem quiser mais detalhes, entra em contato comigo que eu explico melhor). Pronto um problema a menos na minha lista.

Como se não bastasse isso, agora eu estou apresentando uma anemia que não quer ceder. Tive consulta com o hematologista que me passou uma série de exames para descobrirmos a causa. Como se isso não fosse preocupação suficiente, hoje também foi dia de fazer a ultrassonografia morfológica da minha baby. Graças a Deus ela está toda perfeitinha, com um excelente peso, e todas as sequelas que a cirurgia de vesícula podiam ter acarretado foram descartadas. Mas, estou com o nível de líquido amniótico quase no limite. Vou aumentar a ingestão de líquido e torcer para que tudo caminhe bem e de forma tranquila. Parece que essa gravidez veio para encerrar com chave de ouro.

Amanhã tenho encontro com a minha parteira linda! Tenho muitas coisas para discutir com ela. Muitas preocupações têm rondado a minha cabeça, inclusive se a anemia será um fator proibitivo para o parto domiciliar. Minha necessidade de controle está a cada dia mais exacerbada e isso tem me deixado emocionalmente exausta. 

Muitas coisas tem fugido do meu controle e eu como uma control freak estou surtando!!!!

Amanhã passo por aqui pra dizer como foi com Regine.

Ahhhh ia esquecendo!!! 
Venho vendo algumas técnicas para ajudar a relaxar e na hora do parto. Vou colocar abaixo os links do que tenho visto e também o link da portaria da secretaria municipal de saúde.

Vídeos técnicas:
https://www.youtube.com/watch?v=pDzah8vQ2Hk
https://www.youtube.com/watch?v=2XOy6iESPdg
https://www.youtube.com/watch?v=2XOy6iESPdg

Portaria secretaria Municipal de Saúde:
http://portal.natal.rn.gov.br/_anexos/publicacao/dom/dom_20141028.pdf


Beijinho a todos

terça-feira, 30 de setembro de 2014

11 - A escolha da doula

Como já estou na metade da gravidez (puxa, como passou rápido), chegou a hora de escolher a "minha" doula. 
No site da associação potiguar tive acesso a relação de doulas aqui de Natal e comecei a minha pesquisa. A parteira me indicou também o nome de 3 doulas que trabalhavam com ela em parto domiciliar.



Conversei com elas pelo facebook e whatsapp e marquei encontro com Nicole Passos. Foi amor a primeira vista. 
Nossa conversa fluiu de maneira muito tranquila e ela é a calma em pessoa, o que particularmente acho muito bom pra contrabalancear a agitação minha, de Paulo e de Ginny.
Ela é naturoterapeuta e teve os filhos dela por parto domiciliar, fato que me tranquiliza ainda mais. Na nossa conversa tirei algumas dúvidas sobre a hora do parto e acertamos todos os detalhes, inclusive financeiros.

Pronto, mais um degrauzinho escalado em direção ao meu tão sonhado parto domiciliar.

Essa semana também teve consulta com a minha GO. Tudo está correndo da maneira esperada. Da cirurgia até agora ganhei 1,900kg, a pressão está boa e novos exames de sangue foram solicitados para verificarmos a anemia, resumindo, consulta rotineira e tudo tranquilo até aqui. Ainda não me decidi se vou contar a ela sobre a minha decisão de parto domiciliar, acho que vou sondá-la um pouco mais antes de decidir algo. Fui liberada para fazer hidroginástica, então agora é mandar a preguiça embora e começar a me exercitar.

Comecei a hidroginástica na última quinta-feira(25/09) e estou muito feliz. O professor (Cacá) é super atencioso e alto-astral. Saí da aula moída, pensando que na sexta-feira não conseguiria nem me levantar da cama, mas, surpreendentemente amanheci super bem. Super recomendo a hidro na gestação.

Sexta-feira (03/10) tem consulta com Ginny e devo confessar que os últimos dias tem sido cheios de dúvidas, revoltas e ansiedades da minha parte.
Quanto mais leio e estudo sobre o cenário do nascimento no Brasil mais fico indignada.É muito revoltante chegar a conclusão de que para ter o parto normal que eu quero, sem ocitocina sintética, episiotomia,manobra de kristeller e outras, não há a opção de ir para um hospital. Tem-se realmente que desembolsar o que não se tem para poder garantir o direito a algo que deveria ser fisiológico. 

Nós mulheres precisamos de alguma forma, começar a mudar esse cenário tão triste do nosso país. Me culpo muito por não ter me informado na minha primeira gestação e tomado para mim o poder da decisão. 
A maneira como a assistência ao parto no nosso país é realizada realmente deixa as mulheres mais propensas a escolher uma cesárea agendada, aonde ela se sentirá muito mais "segura" com relação aos procedimentos que serão realizados. 
Para se ter um parto "normal" é uma verdadeira luta. Desde encontrar um obstetra que aceite de verdade realizar o parto normal, diferente de dizer que aceita e depois te induzir a uma cesárea no fim da gestação com uma desculpa esfarrapada qualquer, até conseguir passar pelo trabalho de parto sem sofrer nenhum tipo de violência obstétrica, coisa muito rara infelizmente.

Fico muito triste quando percebo que durante todo esse período de gestação em que deveríamos estar concentradas em fazer o enxoval, escolher a decoração do quarto, alimentação, curtir os chutes do bebê, temos que estar nos preocupando em como nos livrar das violências obstétricas que vemos acontecer diariamente no nosso país.

Para quem quiser se informar um pouco mais sobre a violência obstétrica praticada no nosso país, vou criar uma página aqui no blog com informações iniciais.

Segue o link da relaçao das doulas aqui de natal:
Link da página da minha doula Nicole Passos:

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

10- De volta a vida "normal" / Control Freak


Enfim em casa!

Passado o período de recuperação,criei coragem, subi as escadas e voltei pra rotina da minha casa. A correria é aquela que toda mulher já conhece, acordar a filha pra colocar pra escola, fazer café da manhã, lanche, depois de todo mundo despachado fazer o almoço, lavar roupa, essas coisas...

Na correria acabei deixando o blog um pouco abandonado! Mas,vamos colocar as coisas em dia. 
Depois que vim pra casa, comecei o meu acompanhamento com Ginny, nossa primeira "consulta". Primeiro ela conheceu o apartamento para ver se era de fato viável eu parir aqui (a questão das escadas sempre foi uma preocupação nossa) ou se seria melhor direcionar o parto pra casa da minha mãe. O apartamento foi liberado (ufa!) e começamos a conversar sobre meus medos e ansiedades. Minha maior preocupação é de não conseguir entregar o controle ao meu corpo na hora do parto e acabar atrapalhando as coisas. Sou uma Control Freak assumida e por mais que tente trabalhar isso na minha cabeça, tenho perdido a batalha. 
Ginny olhou meus exames e continuamos a conversa. Falamos sobre doulas, sobre mais algumas intercorrências que poderiam acontecer na hora do parto, tirei dúvidas sobre mecônio e distocia de ombro, enfim, tivemos uma tarde muitíssimo agradável. Apesar de termos tido apenas 2 encontros sinto como se Ginny já fosse de casa e isso facilita muito as coisas. Terminamos a conversa com ela me passando alguns deveres de casa para o nosso próximo encontro.

Quanto mais o tempo passa mais eu me sinto engajada na causa do parto humanizado (e que não seja confundido parto humanizado com parto domiciliar). Acho que enquanto sociedade deveríamos parar pra pensar para onde estamos caminhando. Para conseguirmos um parto humanizado precisamos voltar a nos 'humanizar'. Não é incomum nos depararmos com um filhote na rua e nos sentirmos tocados, no entanto, tem sido cada vez mais frequente nos noticiários, manchetes com recém-nascidos abandonados em telhados,lixeiras, bancos de praça,etc. Essa é uma questão que realmente tem me feito parar para pensar.

Aos poucos vou colocando novamente a vida em ordem e reaprendendo a minha rotina. Dia 22 tem consulta com minha obstetra e pretendo largar a vida sedentária e começar a me exercitar. Hidroginástica e yoga serão as minhas opções. 

Estou amando esse novo momento da minha vida, a família aumentando, laços familiares se refazendo e novos horizontes, antes inexistentes no meu paradigma, se desenhando a minha frente. A vida é boa e só tende a melhorar!





terça-feira, 26 de agosto de 2014

9 - Preparada para a guerra?



É muito interessante perceber que para ter o parto normal que tanto quero ter, tenho que estar preparada para uma guerra. Pelo menos essa é a sensação que eu tenho.

A primeira batalha já é encontrar um obstetra que respeite a sua decisão. Na saúde privada, quando você diz que quer um parto normal, o obstetra já olha pra você com cara de "Tá louca?" e se for no SUS aí uma série de problemas se desenrolam, desde o acompanhamento do pré-natal até a garantia de acompanhante na hora do parto e, no meu caso que tenho uma cesárea anterior, vira missão impossível
Ter um parto normal sem intervenções desnecessárias é coisa quase impossível tanto no SUS quanto na rede privada. 
 Ou seja, encontrar alguém em quem você confie é quase uma peregrinação e, após encontrar um obstetra que não descarte a possibilidade do que você quer logo de cara, temos que estar alertas em todo tempo para não deixar o sistema de nascimento de bebês em série nos engolir e sermos enganadas novamente. Para isso só tem uma solução INFORMAÇÃO. A nossa maior aliada para evitar que uma cesária desnecessária nos seja empurrada goela abaixo. 

Junto com toda essa informação vem também a nossa segunda batalha. Quanto mais a gente pesquisa, lê, estuda, mais a gente se depara com casos de violência obstétrica. Algumas vezes o pavor quer tomar conta da gente, outras vezes a revolta toma conta por nos sentirmos totalmente impotentes, e muitas vezes um misto de emoções toma conta.

Vem então a terceira batalha, as pessoas ao nosso redor. São amigos, familiares, as pessoas mais próximas, que se aproximam de você e de maneira consciente ou não, tentam minar a sua confiança. Quando você começa a divulgar a sua escolha de um parto domiciliar as pessoas olham para você como se você fosse um extraterrestre. Após essa olhada a pergunta que vem no automático logo em seguida é:

E você vai aguentar a dor? Porque parto normal dói demais!
Aí você olha pra figura e pergunta: Seu parto foi normal? A resposta quase sempre é NÃO. Se você não teve parto normal, como você sabe se dói ou não?
Que novidade é essa? Você também vai aderir a essa "modinha" é?
Porque agora querer parir de maneira natural, como nunca deveria ter deixado de ser, é moda.
Você é louca? Parir pra mim só perto de uma UTI, porque aconteceu um caso com fulana ou então com a vizinha de ciclana... (e sempre o caso é negativo e fatídico)

Aí vem a quarta peleja, contra o esteriótipo. Alguém definiu, vai se saber quem, que parir em casa ou querer parto normal é coisa de hippie, de rico, de irresponsável, de masoquista ou como eu vi no relato de um médico essa semana, coisa de xiita.
Eu também tinha em mente antes de começar toda essa minha busca, que parir em casa ou era pra gente rica, com toda uma estrutura preparada e ambulância parada na porta ou então pra galera hippie paz e amor (nada contra os hippies tá galera rsrsrsr), que faz meditação, etc. Na minha cabeça era totalmente possível ter uma parto normal, natural e humanizado em um hospital. Portanto, se era possível o que eu queria no hospital, com o plano de saúde pagando por tudo, porque não? Doce  ilusão.

Então, se você assim como eu, pretende exigir o seu direito de ter um parto natural e mais ainda domiciliar, esteja preparada. Há todo um movimento contra que teremos que vencer. 
Mas, existe uma palavrinha nova que aprendi nesse caminho, EMPODERAMENTO. Se estivermos empoderadas, bem informadas e certas do que queremos, nada poderá nos impedir.